By Pr. Daniel Meder
“Para que devemos sair para o
outro lado do mundo, quando
há pessoas precisando de ajuda em cada
esquina do
nosso país?”
Essa é uma pergunta comum que
muitos missionários de longo, médio e curto prazo precisam responder nas
igrejas ou para os amigos quando voltam de uma missão. Mas também foi uma
pergunta que está plenamente respondida para os 9 jovens que, no último mês de
julho, usaram 3 semanas de suas férias e seus próprios recursos viajando para o
outro lado do planeta (literalmente falando), a fim de levar a mensagem de
conforto e salvação para 280 crianças, jovens e adolescentes.
Os preparativos começaram cedo
quando, no começo de agosto de 2015, a ACP - Associação Central Paranaense, lançou o projeto SEND ME, com o
objetivo de preparar jovens que desejassem participar de Missões de curto prazo
dentro e fora do Brasil.
Reuniões mensais aconteciam na
ACP em Curitiba e as viagens seriam em julho de 2016. Dois projetos estavam à
disposição daqueles que participassem dos encontros: Missão Amazônia e Missão
Mongólia.
Nosso grupo, Missão Mongólia,
estava bem ajustado e extremamente empolgado. Formado de jovens com
independência financeira, líderes nas suas igrejas e funções profissionais, foi
fácil separar as responsabilidades de cada um nos preparativos da missão.
No dia 25 de junho saímos de São
Paulo e voamos por quase quinze horas para Doha, no Qatar. Para aproveitar a
conexão ao máximo, fizemos arranjos para passarmos um dia no local. Foi o
suficiente para conhecermos os principais pontos da cidade, conversarmos com
moradores e percebermos o contraste financeiro entre as classes. Para dar
continuidade às obras faraônicas financiadas pelo petróleo, trabalhadores de
outros países são contratados com a promessa de um salário dobrado em relação
ao seu pa
ís de origem, porém bem menor do que o salário mínimo local. Os
extremos financeiros são claros no país.
Depois de Doha, mais oito horas e
meia em direção a Seoul, na Coréia do Sul. Mais um vez, aproveitando o caminho,
fizemos arranjos para mais um dia na capital de um dos países mais avançados tecnologicamente.
A estada foi impressionante! Com as comodidades oferecidas pelo aeroporto,
pudemos fazer um belo tour por boa parte da cidade, experimentar novas comidas
e ouvir um pouco das histórias sobre o crescimento e desenvolvimento do lugar.
Mais três horas e meia e
finalmente chegamos ao nosso destino, Ulaanbataar, Mongólia.
Fomos recebidos calorosamente
pelo pastor Rodrigo Assi e sua esposa, Gabriela Assi (com bandeiras no
aeroporto e tudo mais). Ficamos hospedados no prédio da Missão, mas não por
muito tempo, pois já no dia seguinte nossa missão estava começando de verdade!
A missão consistia de dois
acampamentos e a decoração da escola. O primeiro acampamento começou no dia
seguinte a nossa chegada.
Logo depois do almoço entramos no
ônibus da Missão que nos levou a cerca de uma hora e meia fora da cidade. Ali,
um belo local havia sido alugado pela igreja para o acampamento dos jovens.
Afinal, esse era apenas o segundo acampamento somente para jovens que estava sendo realizado no país, e a empolgação era grande. Tanto deles quanto nossa.
Nossa equipe era responsável por
quase tudo. Com a ajuda e a tradução dos funcionários da missão fazíamos os
cultos matinais usando no louvor músicas mongóis e músicas brasileiras. Eles
amam cantar e são ótimos com instrumentos musicais! As mensagens eram feitas em
inglês com tradução simultânea para o mongol. Nas pregações tínhamos que
considerar que alguns daqueles jovens eram adventistas e precisavam se
aprofundar mais na fé, mas também que muitos dos que ali estavam eram
convidados e nunca haviam ouvido falar de Jesus em suas vidas.
A Mongólia possui a maior
parte de sua população budista. Menos de 2% são cristãos.
Para que, tanto adventistas, como
aqueles que ouviam de Jesus pela primeira vez na vida tivessem uma boa
compreensão das mensagens, apesar da barreira da língua, usamos muitas
ilustrações das quais eles mesmos participavam. Assim, de forma bem prática e
ativa, buscamos em meio a sorrisos e muito carinho, falar de um Salvador que
transformou o mundo, mas que também nos convida a conhecê-Lo de forma pessoal.
Depois dos cultos da manhã,
organizamos gincanas e esportes, concursos e competições, que nos davam ampla
oportunidade para nos aproximarmos deles. Os dias de verão na Mongólia são bem
longos (a parte clara do dia vai das 6 da manhã até cerca de 10 da noite), logo
tínhamos muito tempo para interação.
Depois da janta fazíamos um culto
da noite, mais uma vez com muita música, momentos engraçados de descontração
com o jornalzinho do acampamento e uma mensagem em linguagem simples, porém
profunda em significado. E depois, claro que não podia faltar, a velha e boa
social. O sucesso foi tão grande que eles pediam para que realizássemos a
social todas as noites.
No final dos 4 dias do primeiro
acampamento, incentivado pelo pr. Rodrigo, resolvi fazer um apelo. Tinha a
certeza de que as mensagens haviam feito alguma diferença na vida deles, mas
não imaginava o que viria pela frente. Qual não foi a minha surpresa quando
quase todos os jovens se levantaram diante do convite de conhecer melhor esse
Jesus de quem eles ouviram tanto. Diante dessa cena emocionante decidi fazer um
segundo apelo. Aqueles que quisessem aceitar o sacrifício de Cristo e entregar
a vida a Jesus se preparando para o batismo em um futuro próximo deveriam mostrar
sua decisão para todo o universo vindo até a frente. Com lágrimas nos olhos
víamos um a um, alguns imediatamente, mas outros com muita luta, se dirigindo
para onde estávamos.
Ali, os missionários brasileiros
perceberam que sua viagem de férias mudou para sempre a vida daqueles jovens.
Naquele momento todo o preparo, todo o tempo, dinheiro e esforço investidos fez
sentido. Foi naquele momento que a morte de Jesus se tornou mais vividamente
“universal” aos nossos olhos.
Ali percebemos que temos que levar a mensagem
para o vizinho do bairro enquanto estamos no bairro, mas que do outro lado do
mundo não há tantos vizinhos cristãos (2% da população), e que se não fosse por
esse grupo de missionários talvez a maior parte daqueles jovens nunca ouviria
falar de um Salvador que morreu por eles para que eles pudessem viver por
Cristo.
Naquele apelo aos mongóis eu pude perceber um apelo silencioso sendo
feito pelo Espirito Santo aos nossos corações... um apelo à missão... à missão
que acontece não apenas quando tiramos o passaporte, recebemos um visto e
saímos até os confins, mas um apelo à missão eterna e contínua que acontece
onde estamos, onde trabalhamos e onde vivemos. Uma missão que não tem limites
geográficos, mas que me chama para viver o sonho de Deus onde quer que esteja,
que nos chama a mostrar aos nossos o privilégio da oportunidade de dizer sim a
mensagem de um Deus que Se sacrifica para me conhecer. Essa mensagem que foi
tão inédita e incrível para os mongóis deve ser reavivada e fortalecida em nós.
Muitos disseram que nossa visita
mudou suas vidas. Esperamos que tenha mudado a eternidade.
O segundo acampamento, feito para
as crianças e adolescentes, nos trouxe as mesmas alegrias e só serviu para
fortalecer ainda mais o que havíamos presenciado no primeiro. ( Não perca em breve a próxima postagem contando tudo que aconteceu neste Acampamento com tantas crianças fofas... )
A decoração da Escola Adventista, na qual o Pr. Rodrigo e a Gabriela trabalham, também nos deu a oportunidade de tocar
as vidas daqueles que não tivemos o privilégio de conhecer.
Na volta conversávamos sobre os
planos para o ano que vem. A vontade de permanecer sendo parte desse sonho de
Deus inundou a vida de cada um. Ver a mão de Deus fazendo o trabalho através da
nossa traz uma gratificação e um significado à vida que é difícil de ser
superado.
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Stephanie Valenço, formada em Secretariado Executivo, funcionária pública estadual, estudante de Administração. Curitiba - PR "A missão me fez entender, que quando trabalhamos para Deus, não há distância que não possa ser alcançada, nem barreira que não possa ser transposta." “Muitos jovens de condições possuem férias e recurso e irão viajar, mas a partir do momento que viagens como essas são organizadas, eles darão preferência para a missão.” |
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